
Bom dia Droppers,
Hoje eu aprendi: que andar pode impactar (muito) na sua criatividade. Um estudo da Universidade de Stanford identificou que caminhar, indoor ou outdoor, pode aumentar a criatividade em uma média de 60% em comparação com ficar sentado. Dica: vá bater perna antes da sua próxima reunião de brainstorm.
No Drop de hoje, em 5 min e direto ao ponto:
• TikTok: uma dancinha de R$ 200 bilhões
• Trending: Spotify Wrapped
• Gaudium: um Uber para chamar de seu.
• Stats: US$ 108 mi no alfabeto da Creditas
• Alan Dye: da Apple para a Meta
• Contra Dados Não Há Argumentos: novo líder do clube US$ 1 bi ARR

INFRA
TikTok: uma dancinha de R$ 200 bilhões

A esta altura da corrida das big techs, já ficou claro que o maior gargalo não está nos dados, nem nos modelos e nem na demanda. O maior obstáculo é o poder computacional. E enquanto o Google, Amazon, Tesla e outros namoram a ideia de datacenters no espaço, o TikTok escolheu um lugar mais perto, mais tropical e mais conhecido por nós: o Brasil!
O investimento total pode chegar a R$ 200 bilhões, 4x maior do que vinha sendo cogitado para construção do primeiro data center desse porte na América Latina.
Desses, R$108 bilhões devem ser destinados para compra de equipamentos e outros R$15 milhões destinados às comunidades locais e universidades e o restante para desenvolvimento de parques eólicos/solares.
Desde a metade desse ano, quando o data center do TikTok foi discutido pela primeira vez, a construção em Caucaia (CE) vem gerando debates acalorados
O que diz quem é contra: os 300 MW de energia gastos já no primeiro ano deixaram parte da população receosa quanto ao impacto do data center na rede pública. Outra crítica é referente ao uso de água, escassa na região em partes do ano e que seria 7x maior que o previsto no licenciamento.
O que diz quem é a favor: além dos +4k postos de empregos gerados, o TikTok anunciou que vai usar energia 100% renovável de usinas eólicas e solares dedicadas. Além disso promete que o resfriamento deve ser a ar, reduzindo a demanda por água
Mas eles não são os únicos gigantes tech que enxergaram no Brasil uma oportunidade para construir data-centers e infraestrutura. A demanda é tamanha que…
Amazon: já confirmou R$ 10 bilhões para expandir a infra só em SP, priorizando os serviços da AWS.
Microsoft: tem aportes próximos para levar R$ 14 bilhões em cloud e IA, com muito foco na expansão do Copilot na América Latina.
Equinix: enxerga o Brasil como um ponto estratégico nas interconexões globais e inaugurou recentemente data centers em SP e RJ.
Ter energia renovável sobrando, estar no centro de um continente estratégico e contar com uma malha de fibra ótica rápida não é só bônus – é justamente o combo que tem colocado o Brasil no topo da lista de destinos das big techs, pelos menos no planeta Terra.
QUICK DROPS
Mundo Afora
Moore Threads: a cópia chinesa da Nvidia, fundada por um ex-funcionário da empresa, estreou o IPO mais oversubscribed da história (US$ 4,5 trilhões).
Stripe: está pagando US$ 1 bilhão pela plataforma de faturamento baseada no uso Metronome – uma aposta que o futuro do pricing é usage-based.
Kalshi, a plataforma de prediction markets da bilionária brazuca Luana Lopes Lara, fechou a parceria com a CNN e CNBC para transmitir as odds ao vivo.
OpenAI está comprando a Neptune, uma startup que desenvolve ferramentas para monitorar e analisar o progresso durante o treinamento de modelos de IA.
Netflix: venceu o leilão da Warner Bros. Discovery ao oferecer $30 por ação, totalizando U$73.5bi só pela divisão de Streaming & Studio e agora entra na fase de discussões exclusivas.

Spotify Wrapped
Para alguns, o Spotify Wrapped é apenas um resumão bonitinho do seu gosto musical ao longo do ano. Para outros, é uma das melhores estratégias de marketing inventadas na última década.
Afinal, se o boca-a-boca é o formato de convencimento mais persuasivo, nada melhor que convencer seus usuários a promoverem seu produto enquanto se auto-promovem espalham suas billboards pessoais.
Segundo o presidente Alex Norström, o Wrapped “se tornou um importante motor de negócios”. Prova disso é que somente nas primeiras 24 horas de lançamento:
Engajamento passou dos 200 milhões de usuários (+19% y/y)
Compartilhamentos chegaram em 500 milhões (+41% y/y)
Durante o ano passado, 1 a cada 3 usuários do aplicativo engajaram com o Wrapped. O sucesso foi tamanho que se tornou inspiração, tanto para concorrência (Apple Music, YouTube Music, Deezer, etc) quanto outras áreas (Oura Sleep Score, GitHub Contribution Chart, Duolingo Year in Review e até iFood).
PS1: alguns espertinhos vasculharam o backend do WordPress do Spotify, encontraram dados sobre o Wrapped e usaram as infos pra apostar em quem seriam os top artistas do ano na Polymarket/Kalshi.
PS2: para os interessados na ciência de dados e parâmetros por trás dos infográficos bonitinhos do Wrapped, o time do Spotify subiu uma página de transparência.
PS3: já tem template no Canva disponível para quem tá com vergonha de compartilhar o que estava rolando de verdade no fone de ouvido.
PS4: depois (ou antes) de postar um story mostrando seu top 5, posta outro com seu link de indicação do TechDrop.
MOBILIDADE
Gaudium: um Uber/99 para chamar de seu

Nas grandes cidades e metrópoles do Brasil, o Uber e o 99 são os players dominantes dos apps de mobilidade. Mas a realidade nas pequenas cidades do interior é outra: nas áreas ignoradas pelas gigantes, cada um faz o seu próprio app de mobilidade – tudo com a ajuda da Gaudium!
A Gaudium não tem app próprio para o consumidor final, mas opera através da sua plataforma SaaS no formato White Label – ou seja, qualquer interessado pode usar o sistema para criar o próprio aplicativo de mobilidade e concorrer com as gigantes.
Desde que chegou no mercado há 12 anos, a Gaudium expandiu para +1500 cidades no Brasil, +11 milhões de passageiros cadastrados e +500 milhões de corridas em apps como:
Ubiz Car: que oferece o modelo de franquia;
Urbano Norte: ~2 milhões de usuários nas regiões norte e centro-oeste;
Chofer 46: que opera na cidade de Francisco Beltrão - PR;
Te Levo de Araxá-MG, Rota 77 de Erechim-RS e muitos outros.
Mas nem só de ajudar empreendedores a criar os próprios apps vive a Gaudium. Além do software white label (Machine), a empresa também criou:
→ a vertical de ads: onde anunciantes podem comprar publicidade nos apps e carros;
→ a vertical de dados: onde cria estudos e pesquisas sobre mobilidade;
→ a vertical de educação: para formar novos gestores do mercado de mobilidade.
É por essas e outras que a Vela LatAm, o braço latino-americano da Constellation, acaba de comprar a startup carioca em sua 22ª aquisição (19 brasileiras, duas colombianas e uma chilena).
QUICK DROPS
Brasil Adentro
Nubank decidiu que não vai tirar o bank do nome – ao invés disso, vai obter a licença bancária ou comprar uma instituição que já tenha o aval.
Disney estreia hoje o seu parque de diversões natalino temporário de 78 mil m², criado em parceria com Nubank e Ministério da Cultura, em Curitiba.
Senior Sistemas, a gigante dos ERPs (softwares de gestão), finaliza a aquisição da CIGAM, a gaúcha do mesmo segmento, por R$162,5 milhões.
Contato Seguro, a startup referência em canais de denúncia corporativa, governança e compliance, é adquirida pela Starian, da Softplan.
oiwhite, a healthtech vendendo clareadores dentais pelo TikTok, capta pré-seed de R$ 5 milhões com investidores privados.
PicPay lança marketplace próprio para integrar pagamentos, dados e a venda de produtos numa só solução.
Atlantikos, marketplace especializado em produtos veganos, naturais e sustentáveis, recebeu um novo aporte de R$ 1 milhão da Acrux Capital.
Mission Brasil, a plataforma conectando empresas e freelancers (para missões de cliente oculto e pesquisas) capta R$ 20mi com Headline e Domo.
STATS
US$ 108 milhões
foi quanto a fintech Creditas colocou nos cofres depois de uma rodada de investimento série G liderada pelo banco europeu Andbank Group, que avaliou a startup brazuca em US$ 3,3 bilhões.
Enquanto aguarda a melhor janela de oportunidade para fazer seu IPO, a fintech aproveita para completar o alfabeto de rodadas de investimento:
2013: seed-round de R$ 3 milhões
2015: série A de R$ 25 milhões
2017: série B de R$ 60 milhões
2018: série C de +R$ 250 milhões
2019: série D de +R$ 1 bilhão
2020: série E de +R$ 1,2 bilhão
2022: série F de +R$ 1,5 bilhão
2025: série G de ~R$ 500 milhões
Esta última rodada foi um downround: onde a startup foi avaliada em ~R$17,5 bilhões, abaixo dos quase R$ 24 bilhões de valor de mercado atingidos em 2022 – ano em que as negociações com o Andbank começaram.
PS. A negociação também dá à Creditas a licença bancária para operar serviços… bancários.
DEVICES
Alan Dye: da Apple para a Meta

O time de caçadores recrutadores da Meta não vive só das contratações de pesquisadores e desenvolvedores da OpenAI e Google. Quando a oportunidade aparece, como agora, eles aproveitam para contratar o chefe de design de interface de usuários da Apple, Alan Dye.
Antes de aceitar a proposta de Zuck, Alan passou 20 anos na Apple e foi a mente brilhante em momentos icônicos.
2006: trabalhou nas embalagens e na experiência de unboxing;
2013: liderou o redesign do iOS 7 com UI plana, novos ícones, tipografia e layout;
2015: líder principal da UI do Apple Watch;
2022: co-liderou a criação das Ilhas Dinâmicas, juntando hardware e software;
2023: liderou o design da interface do usuário para computação espacial;
2024: lançamento do Vision Pro integrando interações olho/mão e imersão.;
2025: liderou o design do Liquid Glass, maior reformulação de UI multiplataforma.
Do lado Apple da força: está rolando um êxodo. Além de Jony Ive ter se juntado a OpenAI, somente nas últimas 72 horas, a empresa também viu o chefe de IA, o chefe de políticas públicas, o chefe do departamento jurídico e a vice-presidente de Meio Ambiente, Políticas e Iniciativas Sociais deixarem seus cargos.
Do lado Meta da força: o pacote de bilhões em contratações foi suficiente para atrair entre 40-50 talentos seniores de empresas como Apple, OpenAI, Google e Anthropic – além de Alexandr Wang da ScaleAI e Nat Friedman, o CEO do GitHub.
Mais do que um grande nome, a contratação dá um gostinho das ambições de Zuck de transformar a Meta para além de uma família de apps (software). Como o próprio Alan Dye disse: “Tô entrando nessa focado no futuro dos produtos e experiências inteligentes.”. Ou seja: muito smart ray ban à vista.
PS: Saindo do departamento de design para o financeiro: a Meta anunciou que está cortando o orçamento da divisão do Metaverso em 30%. A divisão perdeu ~US$ 70 bilhões desde o seu lançamento em 2021. Com a notícia, as ações da Meta saltaram ~4%, o que fez a empresa ganhar ~US$ 70 bilhões em market cap.
PS. a carta de despedida que o próprio Dye postou.
CONTRA DADOS NÃO HÁ ARGUMENTOS
Claude Code: o novo líder da corrida do ARR bilionário

Chegar no primeiro bilhão de receita anualizada (o famoso ARR) é bom. Chegar rápido é melhor ainda. E o novo Usain Bolt nessa disputa é o Claude Code, a ferramenta de coding da Anthropic que chegou à marca levando 6 meses (Maio 25 → Novembro 25), ultrapassando o ChatGPT – que levou 9 meses.
ARR (Receita Anualizada, ou Run Rate) projeta a receita total atual — recorrente e não recorrente — multiplicada para os próximos 12 meses.
Claude Code é uma ferramenta de programação agêntica que mora no terminal e ajuda os desenvolvedores a programarem mais rapidamente usando comandos de linguagem natural. Basicamente: o tipo de ferramenta que acelera o desenvolvimento e promete alguns milhões em economia.
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