Bom dia Droppers,

Hoje eu aprendi: que Mike Krieger, um dos cofundadores do Instagram e que agora ocupa a posição de diretor de produto na Anthropic (e com uma cadeira no conselho do Figma), é brasileiro nascido em São Paulo! #SaiComplexoViraLata!

No Drop de hoje, em 5 min e direto ao ponto:

• Zuck: à procura do chip perfeito
• Fazenda Cripto: gastando a energia que sobra
• Trending: IA vai mudar (ou acabar) com todos os empregos.
• Grokipedia: uma nova wikipedia de IA
• Veículos Elétricos: é Brasil na pole position

Dropped by Pedro Clivati e Renan Hamann
IA

Zuck: à procura do chip perfeito

Depois da Apple, do Google, da OpenAI, da Amazon e da Microsoft levantarem a bandeira da independência da Nvidia e iniciarem projetos para desenvolver os próprios chips, chegou a vez da Meta – para isso, Zuck anunciou a aquisição da Rivos, uma startup que desenvolve GPUs para inteligência artificial.

Só em 2025 a empresa de Zuckerberg prevê um gasto de US$ 72 bilhões em Capex, com a maior parte disso indo direto pra infra de IA. São 408% de aumento nos gastos anuais nos últimos 5 anos e a liderança do ranking de quem mais cresceu a linha de custos.

Como o próprio Zuck já disse: “Se acabarmos gastando mal algumas centenas de bilhões de dólares, acho que isso será muito lamentável, obviamente. Mas o que eu diria é que, na verdade, acho que o risco é maior do outro lado”. Em outras palavras, o CEO ligou o modo tudo ou nada:

  • Ampliou o teto de gastos de Capex do ano em US$ 6 bilhões;

  • Comprou Alexandr Wang a Scale AI em junho por US$ 14 bilhões;

  • Levantou US$ 29 bilhões para construir data centers nos EUA;

  • Levou a Play AI para casa em julho por valor não divulgado;

  • Comprou a WaveForms em agosto, também por valor sigiloso;

  • Fechou um acordo de US$ 14,2 bilhões para usar a estrutura da CoreWeave;

Depois de dominar o ecossistema portátil com Facebook, Instagram e WhatsApp, é cada vez mais claro que o plano de Zuckerberg não é ser o número 2 em mercado algum – muito menos em um que pode valer ~US$ 5 trilhões nos próximos anos.

PS: A Rivos desenvolve o hardware, mas a produção deve ficar com a TSMC, assim como os chips criados internamente pela Meta.

PS2: apesar de todas as big techs terem levantado a bandeira, por enquanto, todas continuam completamente dependentes dos chips da Nvidia.

ENERGIA

Fazendas cripto: gastando a energia que sobra

Até 70% da energia elétrica produzida por algumas usinas no Brasil não chega em nenhuma tomada. O motivo é simples: a infra da distribuição não acompanhou o ritmo das melhorias na geração. Convertendo GW para $$: quase US$ 1 bilhão de prejuízo nos últimos dois anos. O caminho para reduzir o desperdício está em um lugar até então pouco explorado por aqui, mas que só cresce no mundo: a mineração de criptomoedas.

Ao contrário da mineração feita por usuários comuns e suas GPUs superfaturadas de anos atrás, empresas especializadas em mineração podem usar a rede elétrica de forma mais automática e inteligente:
ativando os data centers somente quando houver excesso de demanda
→ desativando em horários de pico evitando sobrecarga.

Quem já viu o potencial do mercado das fazendas cripto:

  • Renova: anunciou o investimento de R$ 200 milhões para a construção de 6 data centers na Bahia, todos movidos por um parque eólico.

  • Tether: a maior emissora de stablecoins do mundo quer fazer a mineração com energia de usinas de cana de açúcar – em MS e MG.

  • Enegix: já disse que quer instalar data centers menores ligados diretamente em plantas de geração – com foco no estado do Piauí.

  • Eletrobras: vem realizando testes com geração limpa e armazenamento em baterias na Bahia, além de ter comprado máquinas ASIC (PCs especialmente criados para mineração).

Com mais foco no Nordeste, as elétricas veem na mineração um treino de luxo: primeiro reduz as perdas e amanhã pode abrir portas no mercado de data centers – alvo do governo com o ReData e que pode também turbinar a economia verde.

O mercado tem potencial, mas não é uma saída automática. Existe um paradoxo bem evidente no processo: os estados com mais energia elétrica de sobra também enfrentam problemas de seca e desigualdade na distribuição de água. Ou seja: resfriar os cripto-data-centers não é simples e nem acontece sem debates.

QUICK DROPS

Mundo Afora

  • YouTube: topou pagar US$ 24,5 milhões para o presidente Trump resolver um processo judicial sobre quando sua conta foi suspensa. Essa foi a foto de comemoração publicada pelo presidente.

  • Spotify: está mudando. Após 20 anos, o founder Daniel Ek se torna presidente executivo e Gustav Soderstrom e Alex Norstrom se tornam co-CEOs.

  • CoreWeave: assinou um contrato de US$14 bilhões com a Meta para fornecer poder computacional. Leia-se: acesso aos chips GB300 da Nvidia.

  • Cerebras: a startup que desenvolve chips para IA levanta US$ 1 bilhão na rodada pré-IPO em valuation de US$ 8,1 bilhões.

  • Charlie Javice: a fundadora da fintech Frank, acusada de fraudar o JP Morgan em US$ 175 mi, foi condenada a 7 anos de prisão e restituição de US$ 300 mi.

IA vai mudar (ou acabar) com todos os empregos

A maioria dos CEOs evitou dizer publicamente que a inteligência artificial aumentaria a produtividade e, por consequência, faria com que suas empresas precisassem de menos funcionários. Mas os tempos são outros e as demissões anunciadas nas últimas semanas mostram que o tom mudou:

  • Accenture: demitiu +11.000 funcionários nos últimos 3 meses como parte de um programa de reestruturação massivo focado em IA. Em outras palavras: ou os funcionários aprendem a usar IA ou a porta da rua vira serventia da casa.

  • Lufthansa: anunciou planos para cortar +4.000 cargos ao longo dos próximos anos já que, quanto mais investe em IA, mais percebe que algumas funções se tornam obsoletas ou duplicadas.

  • Salesforce: também cortou 4.000 membros do time de suporte ao cliente, enfatizando que a sua própria IA (Agentforce) faz com que a empresa precise de menos cabeças.

Diferente das demais, o Walmart, que é o maior empregador dos Estados Unidos, disse que IA irá mudará todos os empregos – mas que a empresa manterá sua força de trabalho (2,1 milhões) estável nos próximos 3 anos – enquanto foca na requalificação em parceria com a OpenAI.

Já o CFO da SAP não economizou palavras e avisa: a mudança será brutal. Ele descreve a automação em milhares de tarefas de back office e um esforço para colocar mais de +30.000 engenheiros em ferramentas de codificação de IA para aumentar a produção e as margens.

QUICK DROPS

Brasil Adentro

  • Panorama de Dados 2025 by HubSpot*: o relatório que mostra o desafio cultural da adoção de ferramentas, o impacto dos dados desconectados e os caminhos para resolver esses problemas já está disponível. Take a look →

  • Nubank: entrou com um pedido de licença bancária nos Estados Unidos como parte do seu plano de internacionalização.

  • Lastro, a startup usando IA no atendimento e gestão de imobiliárias, capta rodada Série A de R$ 85 milhões liderada pela Prosus Ventures.

  • CredAluga, a fintech substituindo fiadores e caução no aluguel em um modelo b2b2c, captou uma rodada série A de R$60mi liderada pela Provence.

  • Luzid, a startup usando IA durante o onboarding de softwares corporativos, capta rodada pré-seed de estimada em R$ 2.8 milhões liderada pela NXTP.

  • Banco do Brasil: funcionário de TI está sendo acusado de vender credenciais de acesso aos sistemas do banco por R$ 1 milhão.

*Conteúdo de marca parceira

STATS

1,7 milhão

Foi o número de assinantes pagos que a Disney (Disney+, Hulu e ESPN) perdeu em uma semana depois de cancelar o night show do Jimmy Kimmel.

Os cancelamentos vieram em forma de protesto dos assinantes que não gostaram nada nada da justificativa da suspensão e criaram uma onda de hashtags: #CancelDisney com o apoio de celebridades e influencers.

O pico de cancelamentos marcou um aumento de 436% na média de churn dos apps de streaming. Para tentar estancar o vazamento do balde de 128 milhões de assinantes que (ainda) não cancelaram, o CEO Bob Iger trouxe Kimmel de volta.

Ontem, Elon Musk virou sua mira para outro app de streaming que agora enfrenta a mesma onda de cancelamentos, a Netflix.

INTERNET

Grokipedia: uma nova wikipedia de IA

Elon Musk ofereceu um bilhão de dólares à Wikipedia se aceitassem mudar de nome para Dickpedia. Como eles não aceitaram, o dono da xAI decidiu criar sua própria versão da enciclopédia online mais utilizada no mundo, vem aí a Grokipedia.

A Wikipedia recebe 11 bilhões de visitas mensais, tem 39 mil colaboradores com 7 milhões de artigos escritos (500 novos todos os dias). Além disso, o tempo médio de permanência de uma sessão ultrapassa os 10 minutos.
O projeto, que é mantido através de doações, recebeu US$ 185 milhões no ano passado e gastou US$175 milhões para manter as luzes acesas.

Zoom out: ao longo dos seus 24 anos de vida, a Wikipedia se tornou a maior enciclopédia online gratuita da internet – escrita e mantida completamente por voluntários ao redor do mundo, usando um sistema de Wiki que permite a edição colaborativa sem registro.

Zoom in: o cofundador Larry Sanger diz que sua criação não mantém mais a verdadeira neutralidade e favorece um ponto de vista político, muitas vezes censurando visões alternativas controversas. Segundo ele há uma lista de problemas, que incluem:

  • Whitelist: uma lista de fontes que são aprovadas automaticamente sem a necessidade de revisão, tais como New York Times, Washington Post, CNN.

  • Denylist: uma lista de fontes que são banidas automaticamente, independente do conteúdo, como New York Post, The Federalist, Fox News.

  • Anonimato: os editores mais poderosos (chamados power 62, formado por membros do comitê de arbitragem) são 85% anônimos.

  • Impunidade: a Wikipedia usufrui da mesma lei das redes sociais (section 230), o que significa que não pode ser processadas por seu conteúdo.

  • Interesse: empresas de relações públicas operam para editar artigos e inserir informações em troca de remuneração financeira, apesar de ser proibido.

Enquanto Sangers cria as 9 teses do que precisa ser mudado na política da Wikipedia para torná-la neutra e confiável novamente, Musk corre pelas beiradas para criar uma nova versão da plataforma, dessa vez gerada pela sua própria inteligência artificial.

A ideia de Musk é que essa Grokipedia tenha expertise em matemática/código. Tudo para transformá-la em um ecossistema de conhecimento dinâmico e autoverificável, checando fatos em tempo real, rastreando fontes e detectando vieses com um sistema de verificação escalável.

Detalhe: a Grokipedia usa tweets públicos e até mesmo páginas da Wikipedia para a construção de seus novos artigos – analisando cada um como verdadeiro, meio-verdadeiro ou falso para reescrever ou corrigir. Para Musk, esse é o caminho para a xAI “entender o Universo”.

PS: Jimmy Wales, o outro cofundador da Wikipedia, tem uma visão diferente da do ex-colega. Para ele, o sistema ainda é focado em precisão – algo que, segundo ele, o próprio X não tem.

CONTRA DADOS NÃO HÁ ARGUMENTOS

via LatinoMetrics

Com 125.000 veículos elétricos vendidos no ano passado, o Brasil está se tornando a maior potência entre os países da América Latina – mas não apenas. A porcentagem de novos carros vendidos que são elétricos já passa países como Polônia, Japão e Índia.

O marco não acontece por acaso, mas principalmente pelo avanço agressivo das montadoras chinesas como BYD e GWM no país. Ambas, aliás, já construíram fábricas fábricas por aqui para tentar evitar as taxas de 35% que estão para entrar em vigor no ano que vem.

BYD: Build Your Dreams (construa seus sonhos)
GWM: Great Wall Motors (motores da grande muralha chinesa)

Enquanto a Tesla ainda não coloca seus tentáculos no segundo maior mercado automotivo da América (atrás dos EUA), os chineses aproveitam para abastecer o tanque carregar a bateria e acelerar.

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