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Bom dia Droppers,

Hoje eu aprendi: que a maior bilheteria da história do cinema para um filme de animação não veio da Disney, nem Pixar, nem DC, mas sim da China. O fenômeno Ne Zha 2 já arrecadou US$ 2,2 bilhões (quase tudo no mercado doméstico) e chega esta semana às telonas do Brasil.

No Drop de hoje, mais rápido do que a luta do Popó e Wanderlei:

• Anthropic: tirando o passaporte
• REV: o esquema ponzi do e-commerce
• Threads versus X: Zuck passa à frente de Musk
• TikTok-US: a promoção de $14 bilhões
• PIF: o conglomerado dos videogames
• Nvidia: o império de Jensen Huang

Dropped by Pedro Clivati e Renan Hamann
IA

Anthropic: tirando o passaporte

O ChatGPT está para a inteligência artificial assim como o cotonete está para as hastes flexíveis com pontas de algodão. Mas a Anthropic segue comendo pelas beiradas e querendo limpar seu ouvido expandindo sua participação. A nova grande aposta? Triplicar de tamanho fora dos EUA.

A empresa por trás do Claude percebeu que:

  • 80% do uso do seu chatbot vem de fora dos Estados Unidos

  • Claude Code, lançado em março, já gera US$ 500 mi, crescendo 10x em 3 meses.

  • Clientes Enterprise, já são mais de 300.000 empresas.

  • Receita cresceu de US$ 1 bilhão para US$ 5 bilhões entre janeiro e agosto.

Os resultados fizeram com que a startup dos irmãos Amodei alcançasse um valuation de US$ 183 bilhões, depois de uma rodada série F de US$ 13 bilhões nesse mês. O plano agora é dobrar a aposta no que está funcionando: código e gringos.

Gringos: abertura do primeiro escritório asiático em Tóquio, expansão pela Europa (Dublin, Londres e Zurique) com mais de 100 vagas em aberto – mas ainda sem planos pra um brazilian office.

Produto: apesar da concorrência (OpenAI Codex, Grok 4 da xAI, Gemini do Google e Qwen do Alibaba), a geração de código já impulsiona 36% do uso da Claude para o consumidor final e 77% no uso corporativo.

Parte da estratégia internacional e de diferenciação da Anthropic é oferecer atendimento local 24/7, solução de soberania de dados e sistemas ultraespecíficos para indústrias como farmacêutica, financeira e governamental. O plano tem funcionado, já que entre seus clientes fora dos EUA estão:

→ Norges Bank da Noruega (o maior fundo soberano do mundo), onde o Claude já economizou 213.000 horas e aumentou a produtividade de 9k empresas em 20%.

→ Novo Nordisk da Dinamarca (a dona do Ozempic e maior farmacêutica da Europa) reduziu o tempo de documentação clínica de mais de 10 semanas para 10 minutos.

→ O Parlamento Europeu tornou milhões de documentos históricos pesquisáveis ​​e traduzíveis.

A nova fase de expansão da startup fica nas mãos do veterano Chris Ciauri (ex-Google Cloud e Salesforce). Além de crescer no mercado privado, ele tem outra missão nada modesta: fechar contratos com governos do G20.

POLÊMICA

REV: o esquema Ponzi do e-commerce

A promessa da REV era simples: comprar negócios offline quase falidos e transformá-los em e-commerces bem sucedidos. Plano quase perfeito, execução nem tanto: apesar de ter levantado US$ 112 milhões e comprado 9 marcas famosas… nunca gerou um centavo de lucro e agora está sendo processada pela CVM americana por fraude!

A receita do esquema Ponzi funcionou mais ou menos assim:

  • Founding Team: um coach influencer com +12 milhões de seguidores em suas redes sociais (@Tai Lopez), mostrando uma vida de luxo com jatos particulares e Lamborghinis na garagem junto ao seu cofounder Mehr.

  • Marcas: o grupo adquiriu um total de nove empresas, todas elas com um grande reconhecimento de marca, mas beirando a falência. Entre elas Pier 1 Imports, RadioShack e Modell’s Sporting Goods.

  • Investidores: para manter as operações, a empresa fazia calls semanais pelo Zoom com investidores individuais prometendo retornos extraordinários – “a cada $300k investidos, $60k de retorno por ano”.

  • Economics: as empresas do grupo até abriram os próprios e-commerces, mas nunca se tornaram bem-sucedidas e o portfólio acumulava prejuízos mensais de US$ 4-12 milhões.

  • Time: Tai contratou como presidente e COO a sua própria prima, ressaltando sua vasta experiência gerindo negócios multimilionários – que na real era uma professora substituta do ensino fundamental e laranja assistente do primo.

Algumas das marcas até conseguiram gerar algum tipo de receita, mas longe de qualquer lucro – e pelo menos US$ 5,9 milhões dos retornos que chegaram aos investidores eram financiados por outros investidores. Para piorar, a dupla desviou aproximadamente US$ 16,1 milhões em fundos para uso pessoal.

QUICK DROPS

Mundo Afora

  • Meta: lançou uma assinatura mensal paga do Facebook e Instagram no Reino Unido, sem publicidade, por £2.99 por mês.

  • Accenture: anunciou a demissão de 11.000 colaboradores nos últimos 3 meses e avisou que provavelmente vêm mais por aí.

  • YouTube: lançou hoje sua nova plataforma experimental YouTube Labs, apresentando hosts de música de IA para competir com o Spotify.

  • OpenAI: lançou o Pulse, uma funcionalidade que gera briefings personalizados diariamente aos usuários de forma proativa.

Threads versus X

Em 2023 Zuck decidiu lançar mais uma rede social para a família Meta! Agora, pela primeira vez, o Threads ultrapassou o Twitter X em número de usuários ativos diários.

  • Threads: 130,2 milhões

  • Twitter / X: 130,1 milhões

Não foram só as funções e a UX parecidas dos apps que ajudaram no rápido crescimento do Threads – a integração com o Instagram e seus 3 bilhões de usuários ativos mensais deram um empurrãozinho e tanto.

Além do gráfico de crescimento no número de usuários, outra métrica também segue a mesma tendência de alta para o Threads e baixa para o X: receita de anúncios.

Apesar da Meta ter liberado os anúncios no Threads apenas para os EUA e para o Japão, a expectativa é que o app gere US$ 2 bi em receita neste ano e potencialmente US$ 9 bi no ano que vem.

Já o X viu sua receita de ads despencar +50% em 2023 para US$2 bilhões e caiu mais 2.3% no ano seguinte. Até espera crescer ~16% em 2025 e chegar a US$ 2,26 bi – um pouco a mais que o Threads, mas com arrecadação global.

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Chegou a hora de internacionalizar. E agora?

Oferecimento Deel

Sua empresa saiu do zero, atingiu o tão sonhado product-market fit, escalou e agora chegou o momento de crescer ainda mais. Eis que vem a ideia: internacionalizar! É o seu caso? Então atenção.

Você sabia que 67% das PMEs enfrentam dificuldades para adquirir talentos, manter a cultura e lidar com mudanças regulatórias ao expandir globalmente? O que parecia sonho, pode facilmente virar pesadelo.

Mas existe um caminho mais simples e seguro – mesmo diante do quebra-cabeça de regulações, folha de pagamento e contratos. Assim, você consegue passar por isso sem se perder na burocracia e, acredite, sem precisar abrir entidades locais.

Essa é a proposta da Deel: uma plataforma global de RH que permite a qualquer PME contratar, pagar e gerenciar talentos em mais de 100 países. Mesmo que a internacionalização ainda esteja nos planos, eles já querem apoiar você com o Guia de Expansão Global para PMEs.

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QUICK DROPS

Brasil Adentro

  • BNDES: anunciou uma linha de crédito de R$ 40 bilhões disponível para empresas brasileiras afetadas pelas tarifas americanas.

  • WorkAI, a startup criando colaboradores virtuais personalizáveis com IA, capta rodada de R$ 5,5 mi com a M2 Digital.

  • MD2, a consultoria especializada em IA, dados e cibersegurança, é a mais nova aquisição da Selbetti por valor não revelado.

STATS

US$ 14 bilhões

é quanto os novos donos do TikTok-US estão pagando pelo aplicativo em um deal orquestrado pelo governo americano. O valor fica bem abaixo dos US$ 40 bilhões estimados pelos analistas, uma barganha que avalia a empresa em menos de 1x a receita anual projetada.

Em contraste com outra empresas do mesmo segmento:

  • TikTok: avaliada em US$ 14 bilhões, um múltiplo de 1x.

  • Meta: avaliada em US$ 1,87 trilhão, um múltiplo de 11.4x

  • Snapchat: avaliada em US$ 22 bilhões, um múltiplo de 4.1x

  • Pinterest: avaliada em US$ 30 bilhões, um múltiplo de 9.8x

O descontaço conseguido pelo grupo de investidores (Oracle, Silver Lake e MGX, que ficam com ~15% cada) é reflexo das circunstâncias que levaram à venda forçada do app, não dos fundamentos de negócio que regem o valuation das empresas.

via The Information

GAMES

PIF: comprando videogames

Quando o fundo soberano da Arábia Saudita decide jogar, não sobra muito para os outros players. Depois de brilhar os olhos para a indústria dos games e comprar um pedacinho de quase todas as grandes do setor, está prestes a comprar a Electronic Arts por US$ 50 bilhões – a maior aquisição alavancada de todos os tempos.

EA é a empresa por trás de jogos como o FIFA (agora EA Sports FC), Madden NFL e The Sims. Nascida no Vale do Silício em 1982, tem Sequoia e Kleiner Perkins na sua lista de investidores.

PIF é o Public Investment Fund da Arábia Saudita, um dos maiores fundos soberanos do mundo, criado para concretizar a visão do país de diversificar sua economia até 2030, se tornando mais independente do petróleo.

Desde que criaram a Savvy Games em 2021, uma subdivisão do fundo focada única e exclusivamente em games, o portfólio já incluiu ninguém menos que…

  • Nintendo (Mario, The Legend of Zelda, Pokémon, Animal Crossing) com ~6%

  • Capcom (Resident Evil, Street Fighter, Monster Hunter), com ~6%

  • Activision Blizzard (Call of Duty, WoW, Overwatch, Diablo) com ~6%

  • Take-Two Interactive (GTA, Red Dead Redemption) com 7%

  • Scopely (Monopoly Go!, Stumble Guys, The Walking Dead) com 100%

  • ESL FaceIT (donos de campeonatos de CS:GO, Dota, etc) com 100%

  • Niantic (Pokémon GO, Pikmin Bloom, Monster Hunter Now) com 100%

  • SNK (The King of Fighters, Metal Slug, Fatal Fury) com 100%

Para concretizar a compra, o PIF se juntou à firma de private equity Silver Lake e à empresa de investimentos de Jared Kushner. Se bem sucedida, a maior leveraged buyout da história moderna irá fechar o capital de uma das maiores e mais antigas desenvolvedoras e publishers de games do mundo.

No fim, o dono de parte dos maiores times do futebol saudita pode ser dono da versão virtual deles – e do seu time do coração – também.

CONTRA DADOS NÃO HÁ ARGUMENTOS

Nvidia: o império de Jensen Huang

via The Information

Setembro ainda nem acabou e a Nvidia já tratou o mês como um ano inteiro: a maior fabricante de chips – e também a empresa mais valiosa do mundo, com valor de mercado sem precedentes de US$ 4,33 trilhões – anunciou:

  • Um deal com a CoreWeave de US$ 6,3 bilhões

  • Um investimento na Nscale de US$ 700 milhões

  • Um acqui-hire de US$ 900 milhões na Enfabrica

  • Um pedacinho da Intel por US$ 5 bilhões

  • Um super-deal de US$ 100 bilhões na OpenAI

Os investimentos da Nvidia se tornaram tão grandes e amplos que alguns já chamam o império de Jensen Huang de “Governo da IA”. Não é à toa, já que o market cap a colocaria como terceiro maior PIB do mundo (atrás dos EUA e China) e a estratégia de investimentos tem suas semelhanças com uma estratégia governamental:

  • Banco Central: quando alguns construtores de data centers têm dificuldade de obter financiamento, a Nvidia estava lá para apoiá-las com capital próprio e também ajudando na captação com outros investidores.

  • Geopolítica: ou soft-power, comprando a boa vontade de governos ao redor do mundo. Exemplos? A aproximação com Trump que culminou no deal da Intel e investimentos no Reino Unido – anunciados ao lado do primeiro-ministro britânico.

  • Programas de Incentivo: o dinheiro investido nas startups de IA as ajudam a pagar suas contas de GPU, criando um efeito boomerang que retorna para empresa com a compra dos próprios produtos.

  • Defesa: apesar dos concorrentes também serem clientes, a Nvidia aumenta a barreira competitiva ao se tornar sócia das empresas que estão tentando desenvolver as próprias alternativas (ainda sem sucesso).

O poder se tornou tão grande que até mesmo os titãs tech que estão desenvolvendo as próprias GPUs para reduzir a dependência da Nvidia (como Google e Amazon) ligam para Jensen antes de colocar novidades no mercado. O big boss até tolera a tentativa mas não gosta de surpresas.

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