Bom dia das bruxas, Droppers!

Hoje eu aprendi: que o filme original do Halloween, de 1978, é considerado um dos filmes independentes mais bem sucedidos de todos os tempos, arrecadando US$ 70 milhões de dólares com um budget de US$ 300 mil. É um retorno de ~23.000%.

No Drop de hoje, em 5 min e direto ao ponto:

• Amazon: voltando a crescer na nuvem
• Bending Spoons: garfando colherando a AOL
• Trending: final de semana + final de mês
• Stats: US$ 100 bi em receita do Google
• vammo: entregar de moto elétrica
• Contra Dados Não Há Argumentos: Capex, a palavra de ordem e desordem

Dropped by Pedro Clivati e Renan Hamann
CLOUD

Amazon: voltando a crescer na nuvem

Desde 2022 a maior provedora cloud do mundo não registrava um crescimento tão expressivo. Mas a Amazon está aí para provar que, mesmo sendo uma gigante de US$ 33 bilhões no trimestre, ainda consegue acelerar e crescer +20%.

A Amazon foi a primeira big tech a perceber que seus custos de hospedagem poderiam também se tornar receita. O caminho era não apenas usar os data centers para fins próprios, mas alugar o espaço extra para terceiros… E assim nasceu a AWS (Amazon Web Services).

A AWS representa só ~15% da receita da Amazon – mas carrega boa parte da empresa nas costas. Sozinha, responde por ~60% do lucro operacional.

Com a entrada de Google e Microsoft no setor, a Amazon perdeu a exclusividade mas não perdeu a soberania e, mesmo com a intensa pressão, se manteve como a principal provedora de infraestrutura em nuvem. Só no Q3 deste ano:

  • AWS da Amazon cresceu 20%

  • Azure da Microsoft cresceu 40%

  • Google Cloud cresceu 34%

A demanda por nuvem das big techs – turbinada pelo boom das startups de IA – só esbarra em um limite: a velocidade com que elas conseguem erguer mais data centers e adicionar poder de computação. Nessa semana, inclusive, a Amazon inaugurou um data center de US$ 11 bilhões para prover serviços para a Anthropic.

“Vocês verão que continuaremos investindo agressivamente em capacidade, porque percebemos a demanda” … Na mesma velocidade em que estamos adicionando capacidade agora, estamos monetizando-a.”

Andy Jassy, CEO da Amazon

A nuvem não foi o único motivo de comemoração da empresa de Bezos: no ecommerce a empresa também aumentou o número de itens vendidos em 11%, e na vertical de ads registrou US$ 17,7 bilhões em vendas.

PS: os investidores gostaram tanto que as ações subiram +13% no aftermarket.

QUICK DROPS

Mundo Afora

  • Mastercard: está pagando US$ 2 bilhões pela Zerohash, startup de infraestrutura cripto que viabiliza pagamentos com stablecoins e ativos digitais

  • Meta: superou todas as expectativas de resultados trimestrais (receita, publicidade, lucro por ação), mas despencou +12% depois de contar que vai gastar ainda mais com infra para IA.

  • Microsoft: também superou todas as expectativas do trimestre (lucro por ação e receita), com destaque para a vertical cloud (Azure) que cresceu 40%.

  • YouTube: anunciou um “programa de saída voluntária” para funcionários que optarem por deixar a empresa com indenização por rescisão contratual

  • Grammarly: agora se chama Superhuman. O rebrand vem depois da startup adquirir a plataforma CODA e o app de gestão de emails Superhuman.

M&A

Bending Spoons: garfando colherando a AOL

O que é aquele devorador de empresas quase esquecidas: um startup studio? Um investidor? Uma private equity tech? Um pássaro, um avião? Não… é a italiana Bending Spoons garfando mais um ícone tech caído no esquecimento: AOL por US$ 1,5 bi.

Bending Spoons é baseada em Milão e surgiu em 2013 como uma desenvolvedora de apps mobile. Mas ela conquistou o mundo mesmo comprando empresas tech com ótimo potencial, mas péssimo desempenho. A lista tem Evernote, MeetUp, Hopin, Vimeo, WeTransfer, Brightcove e, por último, a AOL!

AOL (America OnLine) dispensa apresentações, mas dá boas-vindas a transformações. O ícone tech criado em 1985 foi um dos pioneiros em internet discada, bate-papos, emails e portal de notícias para a era digital. Foi um colosso dotcom, mas perdeu muito espaço para Yahoo e Google nos anos 2000.

Os produtos adquiridos pela Bending Spoons passam por um processo de simplificação (do código à operação), de consolidação (do suporte às vendas) e de reinauguração (com novas features, novos preços, novas abordagens). Eles tendem a performar melhor do que quando operavam sozinhas. Mas…

  • Diferente das startups, que captam investimento em troca de ações, a Bending Spoons levanta capital emitindo dívida. Dessa vez, um bando de bancos (Goldman Sachs, HSBC, JP Morgan, Wells Fargo, BNP Paribas, etc) topou “emprestar” US$ 2,8 bi.

  • Diferente das private equities, que são especialistas em modelos financeiros e planilhas, a italiana nasceu como uma empresa digital com qualificação de produto, engenharia, design, infra, marketing e sales em seu DNA.

  • Diferente de um studio, que cria as próprias startups dentro de casa, a Bending Spoons escolhe alvos que já possuem reconhecimento de marca e já têm product market-fit, mas que podem ganhar muito com uma “harmonização facial”.

Enquanto aguardamos as definições da Bending Spoons serem atualizadas, vale a pena lembrar as idas e vindas da AOL ao longo dos seus 40 anos de história:

2001: AOL ⇄ Time Warner: a maior fusão corporativa da época (US$ 182 bi)
2009: Time Warner → AOL: um spinoff torna a empresa pública novamente
2015: AOL → Verizon: é vendida para a operadora por ~US$ 4,4bi
2017: AOL ⇄ Yahoo → Verizon: a operadora compra a Yahoo e junta a operação com a AOL
2021: Verizon → Apollo: a gestora compra a AOL-Yahoo por US$ 5 bi
2025: AOL → Bending Spoons: a AOL é vendida para a italiana por US$ 1,5 bilhão.

Não é de hoje que grandes empresas crescem comprando outras grandes empresas. Foi assim com a Meta – que hoje tira mais valor de IG, Whats e Oculus do que de suas próprias criações (FB, Messenger) – e foi assim com a própria AOL, que levou a Netscape e o ICQ. Resta saber se a história vai se repetir com a Bending Spoons.

PS. Apesar de estar longe dos holofotes há anos, a AOL ainda está no top 10 mundial de provedores de email, com ~8 milhões de usuários.

Fim de semana + fim de mês = dose dupla na vontade de jogar as pernas pra cima do sofá. Mas antes de #sextar, dá um check na listinha de recomendações do Drops para o final de semana:

[para ver] uma thread de imagens mostrando o choque entre as culturas antigas e novas.

[para ouvir e dançar] o tiny-desk chegou no Brasil e, além de já ter mudado o nome para Mesinha, lançou episódios com João Gomes, Péricles e Céu.

[para aprender] dicas práticas para quem está buscando emprego na gringa de alguém que já pagou R$ 16k por uma consultoria

[para brincar] encontre o caminho mais curto entre dois temas na Wikipedia – inspirado no conceito de seis graus de separação.

[para ler] um guia sobre como viver uma vida longa e saudável escrito por um founder que já criou +4 startups na área da saúde.

[para festar] ideias de fantasias para as festas de Halloween desse final de semana, inspiradas nos horrores tech.

[para ganhar] o programa de indicação do TechDrop, use o seu link e ganhe prêmios (camisas, canecas, jaquetas, livros, etc).

QUICK DROPS

Brasil Adentro

  • Rhinno, o Uber dos carros blindados e motoristas treinados, fechou uma rodada série A de R$ 15 milhões.

  • Twiggy, a startup ajudando o varejo a vender mais e melhor usando IA, capta uma rodada pré-seed de R$ 3,5 mi com a ACE, WOW, Bossa e Funses.

  • CloudWalk, a fintech por trás das maquininhas InfinitePay, captou R$ 4,2 bilhões no seu segundo FIDC do ano (o primeiro foi de R$ 3,1 bilhões).

  • GamdSports, a startup que desenvolveu um software de gestão para clubes de futebol, capta rodada de R$ 60 mi com um fundo privado internacional.

  • Comp, a startup das soluções de Total Rewards, anunciou a absorção da How2Pay, a boutique especializada em remuneração personalizada.

STATS

US$ 100 bilhões

foi quanto a empresa-mãe do Google, Alphabet, registrou em receita nos últimos 3 meses, um marco histórico alcançado pela primeira vez pela empresa.

Para quem estava ameaçado pela inteligência artificial, o Google está se mostrando bastante destemido:

  • Gemini chegou a 650 milhões de usuários ativos mensais e processa 7 bilhões de tokens por minuto através da sua API;

  • Cloud cresceu nas sombras da inteligência artificial, adicionando +34% novos clientes e crescendo o backlog em 46% no trimestre (para US$ 155 bilhões);

  • YouTube continuou como a plataforma número 1 em tempo de visualização nos EUA pelo 2º ano consecutivo, cruzando os 300 milhões de assinantes pagos;

  • Waymo tirou passaporte e escolheu Londres como primeiro destino internacional dos seus carros elétricos autônomos.

Basicamente, o Google cresceu em praticamente todas as suas verticais de negócio em que atua durante esse último trimestre – e não são poucas.

via Sundar Pichai, CEO da Alphabet

TRANSPORTE

VAMMO de moto elétrica fazer entrega

O iFood se expande, a 99Food voltou, a Keeta chegou com os dois pés no mercado e a Rappi ganhou a Amazon como sócia. Com o mercado de delivery assim, adivinha só quem está (literalmente) acelerando junto? O de aluguel de motos elétricas da Vammo – que acaba de encher o tanque carregar a bateria com +R$ 220 mi em uma rodada série B.

A Vammo foi fundada em 2022 por dois gringos em terras brasilis: Jack Sarvary (ex-Rappi) e Billy Blaustein (ex-Tesla). A startup fabrica as próprias motos elétricas na Zona Franca de Manaus e disponibiliza em modelo de assinatura semanal.

Desde a sua fundação há 3 anos, a startup já passou por 3 rodadas de investimento:

2022: captou um seed de ~R$ 45 milhões com Construct Capital
2023: captou um série A de ~R$ 150 milhões com a Monashees
2025: captou um série B de ~R$ 220 milhões com o Ecosystem Integrity Fund

Se você nunca viu uma Vammo por aí, certamente não mora em São Paulo. A empresa ainda opera só na capital paulista, mas já tem uma frota de +5 mil motos e 150 pontos de troca de bateria. Mas agora o plano é usar a grana para acelerar ainda mais a fabricação e expandir para novos territórios no Brasil e Latam.

PS1: a guerra entre os apps já está na justiça, com direito a espionagem corporativa, logo de concorrentes coberta na bag do entregador e muito mais.
PS2: a Keeta, o app de delivery da chinesa Meituan, estreou ontem suas operações em Santos e São Vicente.

CONTRA DADOS NÃO HÁ ARGUMENTOS

CAPEX a palavra de ordem ou desordem

Nessa semana rolou o Super Bowl da indústria tech, com a Microsoft, Meta, Google e Amazon e Apple apresentando os resultados do Q3. Se por um lado todas bateram (e superaram) as expectativas de ganho. De outro… quase todas também surpreenderam as expectativas de despesas de capital, o tal do Capex!

Em outras palavras, as big techs estão dizendo que vão gastar MUITO mais dinheiro.

  • Alphabet que planejava gastar US$ 75-81 bilhões, aumentou para US$ 91-93 bilhões;

  • Meta que planejava gastar US$ 66 bilhões, subiu para US$ 70 bilhões;

  • Microsoft que planejava gastar US$ 30 bilhões, ampliou para US$ 35 bilhões;

  • Amazon que planejava gastar US$ 118, vai gastar US$ 125 bilhões;

  • Apple não planejava gastar muito e nem aumentou, manteve nos US$ 12 bilhões.

Juntas, as hyperscale devem ultrapassar os US$ 400 bilhões em investimentos este ano – e todos dizem que isso está longe de ser suficiente. Como um dos principais destinos desses bilhões serão as empresas de data center, energia, chips e servidores – a Nvidia aproveita para surfar a onda e se tornar a primeira empresa de US$ 5 trilhões a existir.

O que achou da edição de hoje?

Lemos tudinho!

Login or Subscribe to participate

DROPS

Elevando o QI da internet no Brasil, uma newsletter por vez. Nós filtramos tudo de mais importante e relevante que aconteceu no mercado para te entregar uma dieta de informação saudável, rápida e inteligente, diretamente no seu inbox. Dê tchau as assinaturas pagas, banners indesejados, pop-ups intrometidos. É free e forever will be.

Reply

or to participate

Keep Reading

No posts found